Impressionante em como o tempo
passa e a gente ainda guarda algumas lembranças. E não importa quanto tempo
passe, algumas semanas, meses, anos e continua a mesma coisa. Tem gente que diz
que tudo passa, o calor do momento passa, mas o que é pra permanecer permanece
imóvel, intacto.
Dias de sol, quanto tudo era
claro. Meu sorriso era tímido, era raro. Porque aqueles momentos eram raros...
Tudo era calor, entre o tempo e as mãos. Nós éramos como uma dádiva, um
presente. Algo raro. Algo que eu nunca tinha sentido antes.
A cidade era a mesma de
sempre, mas meus dias nela se tornavam diferentes. São tantas lembranças em
preto e branco... Foi colorindo conforme os dias tristes se fizeram felizes, e
a cor foi tomando conta de tudo. Impressionante como o sol sempre se fez
presente nos melhores momentos... Uma janela entreaberta milhares de poeiras se
entrelaçando no ar. E nos deitávamos entre elas, e entre a cama... Nossos olhos
se faziam mais claros, e eu olhava pra mim mesma. Eu via meu reflexo. Via uma
certeza.
Com o tempo tudo muda. Tudo se
transformou em agonia, em sentimentos ruins.
Mas a finura do que é o amor é
tão forte que ainda perpetua no meio de tanto sufoco. Mas é pra mim, só pra
mim. Acabei sendo egoísta até na hora de sentir. Eu sinto sozinha, não há
reciprocidade. E em dias como esse vejo a necessidade de expor o que sinto,
porque todo mês é a mesma coisa.
Acho que estou mudando. Mas eu
mudo, e volto pro mesmo lugar. Eu não sofro mais. Não sinto mais. Mesmo que eu
mude, nada de novo me acontece. É algo louco. E isso não é sobre o amor entre
um casal.
Isso é sobre o meu amor.