segunda-feira, 16 de maio de 2011

Arrependimento

Hoje acordei com uma súbita vontade de ver as estrelas, o mar envolvido pelas ondas, e o sol resplandecer em minha janela. Mas a névoa que observo pela janela, ainda está embaçando os vidros. Sinto a vontade de enxergar e sentir de novo, e me animo pela perspectiva de novidades. Mas se não tomo meu próprio caminho, se não ergo as pedras da trilha, não poderei passar, e principalmente superar. Olho para os retratos repousados serenamente no balcão empoeirado da sala. Lembranças tão vívidas quanto o ontem, e me lembro de cada feição, expressão e emoção.
Novamente vejo o ar úmido através do vidro. Por entre nuvens cinzentas avisto uma luz fraca e pequena. Posso leva-la como um presságio, uma autoajuda. Mas estou cansada e forte ao mesmo tempo. Porque é assim? São mil sentimentos espalhados pelo tapete do corredor, são 2 portas batidas fortemente, e são 140 passos meio arrastados, pelo equilíbrio da mala, até o carro. Lágrimas escondidas nos lençóis e os sons do motor se perdem ao longe.
Volto à realidade, supreendentemente rápido e contorno o sofá, saindo pela porta da frente.
Daqui o horizonte é mais aberto, mais amplo. O vidro esconde mil e uma sensações de prisão. De fora, posso sentir o ruído do degrau que range pelo vento, e o som de pássaros escondidos nas arvores. Vejo o caminho, e os 140 passos. Tenho uma ideia repentina, e desço os degraus refazendo o caminho daquele, que caminhou os 140 passos.
Quando chegou aos 140, institivamente olho para os meus pés. Envolto em um manto azul preso nos gravetos ao chão, vejo um bilhete umedecido. Recolho o papel e leio.
As lembranças de ontem voltam como um turbilhão, e choro ao ler o bilhete.

‘’ Fui pegar um café quente e forte para nós dois. Precisamos respirar, mas sabemos perfeitamente que distantes isso nunca vai acontecer. Sou vivo,apenas com você. Volto logo’’

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