quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Todos Nós, Somos Poeira No Vento

São só poeiras se entrelaçando no ar, um tipo de dança lenta e constante que fica sempre em janelas entreabertas... Lá fora, é silêncio e se existem vozes, são distantes vindas de outros lugares, que estão cheios. Mas ali não. Ali é o vazio. Tem dois gatos deitados no chão de pedra, e seus olhos acompanham a moça debruçada na janela, a contemplar o quintal sujo, arvorecido e abandonado. Os gatos são como janelas da alma, são como reflexos. Eles te observam, e parecem que sabem o seu estado de espírito. Ao menos eles sabiam o estado de espírito dela.
De repente nela se abateu uma vontade quase insana, de estar deitada junto com os dois gatos. Pensou que, se descesse as escadas até lá poderia levar muito tempo e no fim chegaria lá e não adiantaria nada. Não teria uma resolução. Mas e se ela fosse pela janela? E se ela se entregar e dançar como a poeira em espiral até o chão de pedra? Ora, não levaria tanto tempo assim. Ela estava na janela de cima, seria fácil. Era só pular. E dançar, dançar, dançar...

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